quinta-feira, 13 de junho de 2013

Indo pro forno!

Quase pronto o livrinho: "ASHI OSAR ETSIPAITEKI, 
No Tempo do Verão"


Este já é um desenho do livro, feito por Wewito Piyãko. 
Falta pouco!



sexta-feira, 17 de maio de 2013

Nova Parceira!



Para os que estão acompanhando as aventuras do "Livro nas Aldeias" tenho que informar que o projeto ganhou uma nova e preciosa parceira em sua diagramação...



 ...a artista e amiga Vânia Medeiros! Viva!
Que venham as parcerias floridas :)
(Mais obras de Vânia em:
http://www.flickr.com/photos/vania_medeiros/)




quarta-feira, 8 de maio de 2013

Cineastas Indígenas para Jovens e Crianças

Queridos leitores, 
gostaria de dizer que essa parceria com o Vídeo nas Aldeias está rendendo muitos frutos e se desdobrando em diversos projetos de livros-filmes para crianças de todo Brasil! Enquanto terminamos esse nosso livrinho, feito com capricho, em processo colaborativo com a comunidade Ashaninka e com patrocínio da FUNARTE, vejam só o que aprontamos com a UNESCO: um guia didático para jovens e criancas sobre 6 povos indígenas no Brasil! É de graça, só dar um pulo no site do Video nas Aldeias e baixar, tanto o livro como os 6 filmes que escolhemos e preparamos para o público infantil! Aqui vai uma palinha:




"Olá!
Esse livro que você tem nas mãos faz parte da Coleção Cineastas Indígenas para Jovens e Crianças, um guia de filmes e de histórias feito por um grupo de pessoas que gosta muito de cinema e que se interessa muito pelos índios. Esse pessoal trabalha numa ONG chamada Vídeo nas Aldeias, que realiza oficinas de vídeo com diferentes povos indígenas Brasil afora. Falar de cinema, índio, cineastas indígenas te parece estranho? Então prepare-se, pois a partir de agora você entrará numa aventura repleta de “estranhezas” (mas que logo logo deixará de ser tão estranha assim), surpresas e descobertas! 

Você, que já sabe um tanto de coisas, deve saber bem que pra viver uma aventura e desbravar outros mundos é preciso ter o espírito aberto, tipo quando a gente conhece alguém e fica só olhando, ouvindo, prestando atenção pra ver como é aquela pessoa. Daí a gente descobre seus gostos, seu jeito de falar, de rir, suas esquisitices, suas histórias, coisas que a gente nem imaginava que podia existir dentro de uma pessoa só. E aí a gente passa a gostar dessa pessoa, ou pelo menos, entendê-la um pouquinho mais. De repente a gente vira até amigo, vai saber. Mas, o mais importante é que chegando perto dessa pessoa a gente aprende a respeitá-la. Pois é um pouco essa a ideia desse livro: chegar mais perto da vida e das histórias de alguns dos povos indígenas que vivem no Brasil pra gente começar a entender quem eles são e respeitá-los nas suas diferenças.
Podemos combinar assim: para assistir aos filmes que a gente escolheu pra você, a primeira coisa a fazer é deixar de lado algumas velhas ideias e preconceitos.(...)Quando você começar a assistir aos filmes, temos certeza que muitas coisas irão passar pela sua cabeça: esses povos moram no Brasil, mas falam outras línguas? Adoram outros deuses? Estudam em escolas nas florestas? Usam câmeras de filmar? Chinelos de dedo? Celular? Como fazem suas casas? Como vivem nas florestas e nos cerrados? Que outras gentes e animais habitam estas mesmas paisagens? 

Os filmes que apresentamos aqui respondem algumas dessas perguntas. Outras ficarão no ar e caberá a você continuar a aventura da descoberta. Mas se essa história de estudar outras culturas te parece meio à toa (ou mesmo chato!), pense nesses filmes como uma viagem, dessas onde a gente passa a conhecer pessoas e lugares distantes e, depois de voltar pra casa, a gente descobre que as coisas já não são mais as mesmas: não porque elas mudaram, mas porque a gente mudou dentro. Não é isso o mais bonito de uma viagem? O que em nós se transforma no caminho?   

Por isso agente acredita que conhecer as culturas indígenas e afrodescendentes do Brasil, esse nosso país enorme, com tantas dificuldades sociais, ambientais e econômicas, é importante. Pra que a gente possa reconhecer e valorizar a vida humana e a sua diversidade. Se somos diferentes é porque, no longo percurso do ser humano por este vasto e desconhecido planeta que habitamos, povos diferentes escolheram caminhos diferentes para viver. Assim, convidamos você a se aproximar desses outros mundos e se deixar invadir por eles. Temos certeza que será uma aventura preciosa, instigante e repleta de aprendizados.
Bons filmes! Boa leitura!" 

 Coleção em formato disponível na íntegra em:
www.videonasaldeias.org.br

domingo, 14 de abril de 2013

Divagações na Floresta


Aqui também é domingo. Chove. As galinhas ciscam, nervosas, embaixo da casa, e uma luz lavada se esparrama pela paisagem. Dora não pode terminar de tingir as kusmas e se dedica à costura. O trabalho segue bem. Começamos uma oficina de tradução em cima do texto do livro. A gramática Ashaninka é muito interessante, os verbos vem primeiro nas frases, depois seguem o sujeito, os objetos e adjetivos. A força de separar os períodos e devido a algumas repetições começo a intuir, vagamente, algo da língua.


Tayri abraçou a pintura e vem mesmo durante o final de semana produzir um pouco. Mas hoje os papéis estão moles, as tintas não secam e as cores se misturam a revelia da nossa vontade. O dia está molhado, assim como a nossa vontade. A lama domina o campo de futebol que ficou esquecido, entregue as poças e aos calangos que passam, apressados, a procura de abrigos melhores.

Alguns estão preocupados com a tensão bélica na Coreia, Moisés se inqueita com a rota dos traficantes, Dona Piti maldiz os caçadores que mataram quatro antas dentro do terrítório e passaram rio abaixo com mais de cem quilos de carne. Benki veio para a aldeia tentar reunir um grupo para fazer pressão política em prol de seu projeto de gestão ambiental para o Município de Marechal Taumaturgo numa reunião com o governo em Cruzeiro do Sul.


Atrávez deles seguimos conectados com o mundo, intelectual e espiritualmente, por uma perpectiva e um sentimento próprio de pertencimento e autênticidade. Com suas questões políticas, ambientais e humanas, suas próprias urgências e perigos. Ter o privilégio de estar aqui, de ver e viver tudo isso, nos torna, automaticamente, aliados dessa gente em seu caminho. Faz com que sejamos um pouquinho, e humildemente, porta-vozes da sua sabedoria e sensibilidade por outros caminhos pelo mundo afora.


 É domingo. Mercedes Soza canta "Gracias à la Vida" no MacBook em que o macaco tenta aprender a digitar.

Fotos de Amanda de Stéfani


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Família Ashaninka


Nossos melhores amigos na aldeia são, naturalmente, os nossos vizinhos. Nossas casas são voltadas uma para a outra e o tempo todo observamos, discretamente, o movimento de lá enquanto eles, por sua vez, espiam nossas atividades aqui.

Dora, nossa vizinha de frente, zela por nós discretamente e, a cada dois dias, nos manda por Erychi, sua filha mais velha, uma cacho de bananas, algumas laranjas. Nós retribuímos como podemos com um pouco de sabão e muitos sorrisos, já que nossos víveres são escasos. Ontem a ajudamos a colher e a limpar as sementes que servem de enfeite para as cusmas (suas roupas tradicionais).

Hoje foi um dia especial: ganhamos uma panela de caldo de açaí preparado por Tayri, o mais velho dos meninos, e um pedaço de carne paca fresquíssima! Os meninos são educados, inteligentes e alegres e já prevejo a falta que vou sentir deles.


De vez em quando atravessam o terreiro e vem até a nossa casa escutar um pouco de música, desenhar conosco ou, simplesmente, nos fazer uma visita. Agora de noite, enquanto eles jantam em familia e eu escrevo sobre eles, ouço Bianca, a caçula, contar perplexa para sua mãe que nós comemos o açaí com banana e demos ao macaco um nome bizarro! Eles são um espelho da nossa própria surpresa e curiosidade.

Boa noite Dora, Erychi, Tayri, Pianko, Bianca, que estão se tornando um pouco nossa família Ashaninka.

Fotos de Amanda de Stéfani


terça-feira, 2 de abril de 2013

Fauna Cotidiana

Nossa casa tem toda uma fauna própria. A começar por Gigio, o macaco, que vem nos visitar todos os dias. Ele dorme nas árvores, mas logo que o dia amanhece, vem sacudir os mosquiteiros das nossas redes. É uma peste! Já nos roubou mais de três bananas e um punhado de uvas passas, adora escalar cabeças, mas ninguém consegue zangar-se seriamente com ele.


Também tem Silvia, uma cobra verde, que mora no nosso telhado, mas, apesar do susto que levei outro dia quando ela quase caiu na minha cabeça, os índios disseram que ela não é perigosa e a chamam de "cobra enxerida". Erish até gosta de usá-la como colar!

De dia, é impossivel evitar que as galinhas visitem a nossa cozinha, de noite os ratos e, a qualquer hora, as baratas, as formigas, as aranhas, e, onde quer que vamos, os piúns (mosquitos) que, nessa época de chuvas, são de enlouquecer até os índios.



Como esquecer dos macheros, sapos gordos que povoam o terreiro e que as crianças, cruelmente, gostam de usar como bola. Nas duas últimas noites, têm nos visitado um morcego que entra e sai ao seu bel prazer já que não temos paredes, apenas telhado e, neste momento que vos escrevo (é madrugada) cruzou por aqui um quati, muito ligeiro, de olhos amarelos faiscando na escuridão.


 
Estranhamente, sentimos uma espécie de comunhão com todas essas criaturas que, ao invés de nos ameaçar, parecem partilhar conosco o desafio de viver. Ok, tiremos dessa conta as baratas - e os mosquitos! Mas, seguindo o conselho de Benki, devemos ser amigos dos piúns pois só assim eles serão nossos amigos. Estamos tentando...



Fotos de Amanda de Stéfani

A Vida na Aldeia


Os Ashaninka daqui vivem na pontinha do Brasil, quase na fronteira com o Peru, bem no meio da floresta amazônica, às margens do rio Amônia, numa aldeia chamada Apiwtxa. Uma aldeia muito bonita, diga-se de passagem, com casas suspensas espalhadas pelas duas margens do rio. Eles fazem a travessia de canoa e, de manhã, uma névoa cobre tudo de branco. Temos a impressão de estar em um outro mundo, em um outro tempo, ou dentro de um sonho.

Aos poucos o sol vai dissipando a bruma e os risos das crianças e o cocoricó das galinhas enchem o ar. O movimento na aldeia começa. Homens e mulheres passam para lá e para cá munidos de facões e cestas, vão tirar mandioca no roçado, lavar roupa no rio, pescar, arrumar uma casa.


Os Ashaninka são altivos, orgulhosos, mas cordiais. Alguns inspiram realmente uma realeza (usando termos bem ocidentais): são como principes da floresta. É bonito de ver. Nossa presença passa quase invisível em meio as atividades do dia, com breves acenos de cabeça ou sorrisos fulgazes. De noite, um som de tambor ao longe, a imagem de um ritual silencioso sob o céu, um véu de estrelas e a sensação do quão diverso e vasto é o mundo.

Fotos de Amanda de Stéfani

quinta-feira, 14 de março de 2013

Tesouro



Fechando as malas. A questão agora é fazer caber o tesouro que estou levando.
Espero que as criancas Ashaninka gostem tanto de livros, lápis, tintas e pincéis quanto eu...



Campanheira de Viagem


Estava eu em casa, apanhando da câmera fotografica de Daniel, quando entra pelo portão a amiga e irmã, diretora de arte, fotógrafa, Amanda Stéfani:

- "O que você está fazendo?"

- "Bem, estou tentando me entender com essa máquina, afinal vou ter que documentar todas as atividades da Bolsa de Interacões estéticas no Acre..."

- "No Acre?? Eu sempre sonhei em ir para o Acre! Tá resolvido, eu vou com você e fotografo tudo, assim vocês se preocupa em desenhar, que é melhor! Rs."

Negócio fechado! 

No dia seguinte todas as passagens já estavam compradas e eu ganhei uma super parceira de viagem!  A divulgação do projeto também agradece :)



terça-feira, 5 de março de 2013

Livro nas Aldeias e COSAC NAIFY

É com muita alegria que vos conto da super parceria feita do projeto "Livro nas Aldeias" com a COSAC NAIFY!
Dez títulos lindos doados para o projeto que serão repassados para a escola da aldeia :)
Aí vai a lista do tesouro que me foi confiado:

1. Na Garupa do Meu Tio, de David Merveille
2. Na Floresta do Bicho Preguiça, de Anouck Boisrobert e Louis Rigaud
3. História da Ressureição do Papagaio, de Eduardo Galeano
4. A casa Azul, de Anne Herbauts
5. A Árvore Generosa, de Shel Silverstein
6. Pindorama Terra da Palmeiras, de Marilda Castanha
7. Diário de um Papagaio, de Lalau e Laurabeatriz
8. Bem Brasileirinhos, de Lalau e Laurabeatriz
9. Mais Brasileirinhos, de Lalau e Laurabeatriz
10. Novos Brasileirinhos, de Lalau e Laurabeatriz

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sobre o Video nas Aldeias

Para quem não conhece, o Vídeo nas Aldeias - Pontão de Cultura que acolhe esse projeto - é uma escola de cinema para índios. E essa escola vai até as aldeias. Os professores, com seu material, pegam os aviões, boléias de caminhão, barcos e o que mais precisar para ir até as reservas indígenas. Chegam nas aldeias com as câmeras, computadores, microfones e, com a ajuda deles, os índios fazem seus filmes, contam suas histórias, da maneira como desejam. 
 
Pense na sua comunidade, no bairro onde você mora. Como a TV e os jornais falam do lugar onde você vive? Correspondem à realidade sobre este lugar, ou apenas a uma parte dessa realidade? Agora pense se fosse você, ou seus pais e avós, ou a liderança comunitária do seu bairro a falar da sua própria realidade? Como você apresentaria onde mora, onde estuda, onde brinca? O que escolheria apresentar? Seria diferente? Foi pensando nessas diversas formas de se contar uma história que surgiram, no Brasil e no mundo, grupos de pessoas que se juntaram para falar com suas vozes, palavras e imagens da sua própria realidade.

Foi justamente em meio a estes movimentos que nasceu, há 25 anos,  o Vídeo nas Aldeias: um centro de produção e de formação de cineastas indígenas. Com esses filmes um povo que vivia numa aldeia podia ver como viviam os povos de outras aldeias. E todos estes vídeos e histórias circulando acabavam por formar uma grande rede de conversa entre os povos indígenas (como hoje, com o celular, a internet, as redes sociais). 

E quando você conhece o mundo do outro, você acaba por querer conhecer um pouco mais do seu. Assim, assistir aos filmes de outros povos, despertava na comunidade a vontade de contar suas próprias histórias, as histórias dos antigos, de mostrar seu jeito de viver.  Através dos filmes do VNA e, logo mais, desse livro-filme que estamos preparando aqui também, te oferecemos, antes de tudo, uma possibilidade de viajar, conhecer pessoas e lugares distantes! (Sem ter que pegar tantos aviões e sacudir a bunda no barco como eu farei em breve...)

Vamos ver, através desse livro-filme, um pouquinho de como é ser crianca entre os índios Ashaninka: onde eles moram, o que eles comem, que língua eles falam, quais são as suas brincadeiras, como são as suas escolas, o que andam fazendo, pois, para fazermos novos amigos, antes de tudo, precisamos conhece-los, não é mesmo?


(Esse post têm a colaboração da amiga e escritora Ana Carvalho)

3 aviões 1 teco-teco, um tanto de estrada e 1 voadeira

Pronto!
Todas as passagens compradas para chegar na aldeia:

São Paulo - Brasilia
Brasilia - Rio Branco
Rio Branco - Cruzeiro
Cruzeiro - Marechal Thaumaturgo
e vice versa.

Agora só falta gasolina pro barco, salompas, e muuuita paciência ;)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Semeando livros, filmes e ideias...

Esse projeto tem como objetivo realizar um livro-filme sobre a infância na Aldeia Apiwtxa. O livro, elaborado por mim e por Bebito Pianko, acompanhará o filme de Bebito "No Tempo do Verão", onde as crianças Ashaninka saem para um acampamento e uma pescaria com seus parentes.

Para crianças de 3 a 6 anos a idéia é criar, junto Video nas Aldeias e os indios, um produto consistente - e bonito! - que reflita a forma deles elaborarem a realidade e que comunique também com as crianças não-indígenas essa forma de viver, pensar e representar o mundo.

Num momento histórico onde encontramos tanta intolerância, falta de compreensão e diálogo entre as sociedades indígenas e a sociedade nacional, acreditamos que esse projeto tem a importância de colaborar com a diminuição dessa distância entre as novas gerações. Que é uma semente no sentido de se construir uma sociedade mais respeitosa e harmônica.


 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Cena de Rua


Claro! Como não pensei antes?? Esse livro com certeza vai ocupar a sexta posição do ranking de livros selecionados para a doação para a escola Ashaninka:

Livro 6: "Cena de Rua" de Angela Lago. Ed. RHJ
Um belíssimo livro de imagem sobre menino vendedor de rua. Esse livro é uma lição de ilustração... e de humanidade. Brasil